sexta-feira, 15 de março de 2013

Laique a bós

Saudamentos, meu caro leitor. Hoje venho aqui, ligeiramente triste (por razões que não cabem à postagem), dividir com você a experiência de viajar por uma empresa com muitos "aficionados" - daqueles que usam o biquíni de bolinha amarelinha por causa da bolinha amarelinha.

Mas, antes, gostaria de agradecer a todos pelas curtidas, compartilhadas e comentadas nos conteúdos do Café Rodoviário. Eles alcançaram mais de dez mil pessoas, o que eu acreditava ser difícil ao tentar fazer uma página de humor "inglês", comentários e curiosidades do transporte (haja visto que o Busologia Depressão tem muito mais público pelo escracho). Obrigado.



As linhas da Itapemirim que atendem a capital do Paraná são servidas pelos melhores-melhores veículos da empresa. O jovem local desconhece o TRI3US. 

A fim de sair de Aparecida e voltar a Pato Branco, aproveitando que reajustes tarifários na ANTT e no DER fizeram com que a diferença monetária entre minhas possíveis rotas (via Curitiba ou Guarapuava) baixasse bastante, optei pela primeira opção. Com muita vontade de ouvir a verdadeira orquestra que é um OM457 - lembrando que, depois, até Pato Branco, o que a Cattani tem a oferecer também tem esse motor.

Só que não. Para este verão, a viação alugou ônibus inusitados. B11R para as linhas até o ES, Scania K para a São Paulo x Curitiba... Até o RSD de 420 cavalos entrou na roda. E 18-320 trucados para o serviço Climm da Volta Redonda x Curitiba - é dele que venho falar.


Não pense você que fiquei triste ao me deparar com o da foto acima. Muito pelo contrário: a oportunidade única de conhecer o poder de fogo do rodoviário Volkswagen, ignorado por muitos. E também do rodoviário Comil, erroneamente considerado inferior pelos mesmos muitos.

Por outro lado, não pense que fiquei feliz por completo. Por tratar-se de um forasteiro, fui obrigado a engolir a falta da revista de bordo a seco, pois, além disso, o cooler não tinha nem um copo d'água. E por estar a serviço da Itapemirim, as duas paradas caríssimas nas quais só dava coragem, mesmo, de tomar uma bebida. E olhe lá.

Aproveito aqui para mandar um VÁ À MERDA a Augusto Liberato, dono da rede de postos GRAAL. Vá oferecer posto com produtos e serviços careiros lá nas rodovias dos quintos dos Infernos.


Olhando para o emblema, você desconfia do desempenho. A bordo, não acredita que sejam só 320 cavalos. O veredicto para essa mecânica Cummins é: você se surpreende.

A princípio, acreditei realmente que se tratava de um motor fraco. Nas cidades onde entrava, ele parecia patético, especialmente ao tremer - como se adquirisse Parkinson - a cada saída do ponto-morto (ele, nessa condição, se assemelha ao 17-260, um MWM). RÁ, IÉ IÉ: o motorista que tinha pés-de-pluma.

Logo depois de entrar na Régis Bittencourt, o satã que havia escondido ali foi evocado. Altos giros e suspiros apaixonantes partiram de trás assim que outro motorista surgiu com uma direção esportiva. Para se ter uma idéia, chegar a 90 Km/h era questão de cerca de 20 segundos, e em determinados trechos me vi subindo curvas com aclives íngremes sem pestanejos, deixando carretas mais potentes na pista da direita. Ainda, para complementar, um sistema de freios (conjunto físico e freio-motor) que não dava qualquer indício de insegurança. Até aqui, é o que posso lhe apresentar como áudio.

Nesse momento, tentei ir até o banheiro e constatei outra característica.

O-500 balança para os lados. Scania traseiro tenta se conter em torno das rodas - com socos e travadas. Volvo BxxR se amarra na base da eletrônica (e, por isso mesmo, fica insosso). Volksbus... Bem, seu movimento ondular principal é "senoidal e longitudinal".

Na ida ao banheiro, acabei encontrando um podre. A água da privada é racionada: pode apertar o quanto quiser, e tudo o que verá é um esguicho breve e forte em direção ao centro dela.

Um dos poucos defeitos no que diz respeito a acabamento. Os outros são os rangidos vindos de todas as junções de acabamento (o que se resolve com lubrificante ou estopa, dependendo do local), o estreitíssimo maleiro de salão e os encostos de perna, que, ao invés de presos na poltrona da frente - como em um Marcopolo ou Busscar - são montados na mesma, dificultando a movimentação.

Na minha poltrona, só pra constar, não consegui erguer o maldito apoio.

Contudo, de resto, o Campione é um ótimo modelo. Suas poltronas são firmes (mais que as avançadas de Joinville), a torneira do banheiro despeja água fria - contra o chá de hidrogênio do sul-caxiense - e nada parece estar solto quando o carro passa por um buraco (e nem o teto finge ser de telha como no G7).

Se tiver a oportunidade de viajar em algo similar a isso, aproveite. Pode ser divertido.


e até a próxima.