terça-feira, 1 de outubro de 2013

O Torino e a alegria

Saudamentos. Venho hoje, depois de um semestre vergonhoso na faculdade (cujos detalhes não lhe convém, desculpe-me a grosseria), comentar sobre um carro que, certamente, é tão, mas tão raro, que só o fato de tê-lo em Pato Branco seria um excelente motivo pra eu não desistir do meu curso de Engenharia. Claro, estou exagerando.

Em parte, um revival, pois o modelo da vez já apareceu sendo descrito aqui. O que muda, agora, é que o que o torna raro não é nem a mecânica em si, e sim o casamento dela com uma carroceria de porte diferente do habitual.

Antes de continuar, no entanto, gostaria de avisar que já pude observar o rodar do OF-1724. A Brantur comprou duas unidades, que estão operando aqui nas redondezas. Sobre ele, tem pitadas de frescura como o 17-260 EOD. Que faz tis tis como um OF-1721 6 cilindros recém-retificado. Anda, e parece mais vigoroso que seu "pai", o O-500 M.



Agora, falemos sobre ELE.

- Não, peraí! Castro, você falou uma outra vez aqui que ia falar das duas empresas do circular daí de Pato Branco, mas no fim das contas só falou de uma. E a outra, como faz?! Vai cumprir a promessa, piá?!

Pois é. Mas já estou falando indiretamente da segunda empresa, ao lembrar que esse aí da foto é o segundo dela a ser documentado (ver o primeiro aqui). Operacional é o de menos, não é muita gente que se interessa por isso. Talvez, sei lá, não sei. É o que me parece. Acho que é porque não fiz mais textos do tipo.

Quem não gosta do Torino GV?! Passageiros comuns. Na verdade, passageiros comuns e chatos, daqueles que cobram a reversão de cada centavo do aumento das tarifas em frotas que acompanhem a evolução. Gente que não sabe    e não quer nem saber    o que é o Torino GV, desenhado pelo estúdio Giugiaro (o mesmo de muitos Fiat e Alfa Romeo). Não é assim aqui em Pato Branco, cujo povo só quer, mesmo, um ônibus limpo pra ir e voltar de seus compromissos. Por isso mesmo, as duas empresas ainda têm cinco do modelo, sendo que alguns rodam todos os dias.

Um deles é o 1197, nosso analisado da vez.

Pense em um carro que quase nunca vai pra rua. Quatro horários por dia, quando faz. Em uma ou duas linhas, que quase não passam pelo centro da cidade e carregam uma maioria esmagadora de funcionários da indústria. É ele.

Agora, pense na cena: um estudante em visível estado de desânimo. Com tudo, todos. Então pense como o surgimento do 1197 na linha da faculdade foi uma espécie de sorriso que o dia abriu pra ele. 

- Pô, piá, larga disso! Vamos direto ao assunto!

Apenas pense. Tenho certeza de que você também já teve um momento ruim, e ficou mais alegre depois de encontrar aquele trambolho encantador, bem como sempre teve a curiosidade de andar nele. Vou além: ter a chance de matar essa curiosidade. Eu matei.


Nessas horas, fico triste de a única empresa da minha antiga casa aposentar veículos com apenas 8, 9 anos de uso. E, também, de as cidades mais próximas (de lá) a não seguir a lógica terem começado a se modernizar, dado o momento em que comecei a visitá-las. Por essas razões, o Torino GV, pra mim, acaba soando mais como inédito que nostálgico.

Como era de se esperar, uma carroceria ano 1997 que segue firme, sem sustos. No máximo, um Parkinson de leve no posto do cobrador, por conta das adaptações que a empresa precisou fazer com a inversão do embarque    citada no post do Urbanus    e a bilhetagem eletrônica (com um balaústre extra pra dar suporte à caixa do cartão).

13 metros (e lá vai bordoada) de comprimento, 39 cadeiras de fibra (que não são lisas o suficiente pra sair escorregando na curva) e um isolamento acústico, na tampa do motor, de dar inveja a um Urbanus    lembrando que aqui o temos, também, crescidão. Desta última parte, o é desde que a regulagem dos dois não tenha me enganado.

O diferencial está na mecânica, como havia dito antes. Um dos chassis mais vendidos da história da Mercedes-Benz, o OF-1620 e seu OM-366    herdado dos 1318/1618    que deixou de herança, para as duas gerações do OF-1721, um desempenho sofrível por conta do baixo torque. Mesmo vazio, era "pedir demais" fazê-lo voltar a andar em meio a um congestionamento no aclive. Pior que isso, só o Volks 15-190, e é o que lhe apresento em áudio.

Justo na viagem que fiz, ele exalava uma fumaça preta, grossa e constante. Tanto que, depois de ficar 40 segundos parado em um ponto, a fumaça chegou à dianteira (saída do escapamento, próximo ao eixo traseiro) de tal modo, fazendo parecer que o motor ia explodir. 

Porém, essa não foi a situação mais curiosa na viagem. E sim esta: por o horário e o motorista serem, originalmente, do 1296, os passageiros de sempre estranharam a presença de um carro mais baixo, com um letreiro a menos e sem o SCANIA impregnado na cara. Ou seja: não é só buseiro que gosta de toda aquela imponência. Coisa que o 1197, mesmo com a cara de mau, não tem.



E até a próxima.

Um comentário:

  1. Muito Bom, gostei do texto! A sensação que se tem quando um carro diferente vem na sua linha é muito boa, tanto com carros urbanos quanto com rodoviários. Porém, não é lá muito agradável quando um veículo de qualidade inferior ao que você esperava chega na rodoviária/ponto de ônibus. Creio que assim como acontece com os carros, as pessoas saibam diferenciar os ônibus, mesmo que não saibam os modelos, mas ainda assim percebem que um modelo diferente foi escalado na linha dela.

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